Pororoca é o encontro entre águas. Quando as águas do mar se deparam com as águas do rio, imensas ondas são formadas. O nome desse fenômeno tem origem Tupi e ocorre na foz do Rio Amazonas, no litoral do Pará e no rio Mearim, localizado no Estado do Maranhão. Poro’roka significa estrondar. A união dessas duas potências naturais causa impacto, fervor, estrondo. Na exposição Pororoca, apresentada pela Galeria Inox e pela Galeria Radiante, também temos o encontro de duas forças naturais: Brendon Reis e Julio Cesar Aristizabal.
O trabalho de Brendon aborda representações de corpos negros, dando novas perspectivas e acrescentando outras camadas à subjetividade desses indivíduos. São corpos que trazem toda a serenidade, tranquilidade, harmonia e mistério presentes na tonalidade azulada de suas telas. Já Aristizabal traz em sua pesquisa a vitalidade existente nos povos originários da América Latina, por meio de cores, formas e expressões apresentadas em seus trabalhos. O artista também encontra inspiração para o dinamismo de suas pinturas na capoeira; expressão corporal que carrega em si um legado de resistência à exploração colonial.
A exposição apresenta o encontro entre o universos de formas baseadas na cosmologia indígena e na capoeira com a representação centrada na subjetividade de corpos negros. É um encontro entre a efervescência de um artista colombiano, radicado no Brasil, com a serenidade figurativa de Brendon Reis. Enquanto a participação de Aristizabal traz para a exposição Pororoca todo fluxo dinâmico, além de movimentação e localização geográfico, Brendon Reis se encarrega dar semblantes aos personagens presentes nas obras.
Pororoca é o encontro entre duas potências; um evento latino-americano; um estrondo. O processo presente nessa exposição traz todo o simbolismo desse encontro de águas. As obras que compõem esse exposição são um dialogo formado a partir das visões desses dois artistas, que construíram por meio da serenidade e da efervescência, um universo particular.