A mostra é composta por duas grandes instalações representativas do trabalho do artista plástico: o Bohío e a Ceiba. O Bohío é a típica casa do camponês cubano feita a partir dos troncos e das folhas de palmeira real. “É uma casa que representa a arquitetura rural típica de Cuba, de quem não tem dinheiro para construir. Do tronco da palmeira são feitas as paredes e das folhas, o telhado”, explica Mayet. Nessa instalação, seis bohíos com asas e raízes estarão pendurados por uma fina corda de nylon, como se estivessem decolando uma ilha que simula a fuga da terra. “É um pouco como eu me sinto até hoje. Para levantar voo, tive que arrancar minhas raízes, ir embora de Cuba”, conta Mayet.
A escultura da Ceiba tem galhos e raízes com plumas. É uma árvore muito popular em Cuba, cujo o exemplar mais famoso do país estava localizado há mais de 50 anos em uma praça chamada El Templete, onde nasceu Havana. Era um marco na cidade. Segundo Jorge, essa Ceiba, a cada 16 de novembro, era rodeada três vezes no sentido anti-horário. É abraçada ou tocada ao mesmo tempo que os desejos são solicitados. É uma árvore sagrada e mística, uma árvore Deus: Iroko de acordo com a religião Iorubá. Acredita-se que o destino, a saúde e o desenvolvimento na vida dependerão da ceiba, porque em suas folhas vivem entidades e espíritos. O costume de venerar esta árvore foi trazido a Cuba pelos africanos, mas os povos originais já o tinham. Os maias plantaram uma ceiba no centro de suas comunidades e, sob sua folhagem, celebraram os ritos sagrados. Independentemente da religião praticada, para os cubanos simboliza vida, perpetuidade, grandeza, bondade, beleza, força e união.
O trabalho de Mayet parece estar sempre flutuando, sem gravidade, penduradas por um fio de nylon. São carregadas de sentimento, de saudade, e evocam Cuba de forma etérea. “É um pouco como eu me sinto, flutuando para um lado e para o outro. Cada dia estou em um lugar”, conta ele. "Meu trabalho é sobre a interminável necessidade de expressar momentos que marcaram meu passado e influenciaram meu presente. A maior parte de minhas experiências de vida vem de Cuba. E estas são as inspirações para meu trabalho. Minhas instalações são encarnações de minhas experiências. Elas permanecem indefinidamente suspensas por fios invisíveis, como os que me ligam com minhas memórias e minhas raízes”, Jorge Mayet.